O físico Mauro Copelli, em parceria com especialista da USP, está realizando estudo para criar sistema a ser usado em olhos, narizes e ouvidos eletrônicos
Rodrigo Coutinho escreve para o "Jornal do Commercio", do Recife:
Pesquisa de dois físicos brasileiros, um deles pernambucano, tenta desvendar os segredos da capacidade que o sistema nervoso tem de perceber variações distintas ao ser estimulado.
Mauro Copelli, professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Osame Kinouchi, ligado à USP, são responsáveis pelo estudo que pode ajudar a desenvolver sensores artificiais em equipamentos como olhos, ouvidos e narizes eletrônicos.
A revista inglesa "Nature Physics", especializada em física, publicou artigo sobre o tema em sua última edição.
O trabalho também vai ajudar a entender melhor como os sentidos conseguem lidar com sinais que vão do som da queda de uma agulha à explosão de uma bomba. Do aroma de uma flor ao cheiro de um perfume forte.
Para Copelli e Kinouchi, a característica da rede de células nervosas dos sentidos pode levar a desenvolver mecanismos artificiais úteis para o mercado.
“A região nervosa dos sentidos é sensível para estímulos muito fracos e, ainda assim, detecta sinais muito fortes, sem saturar”, explica o pernambucano.
“Estamos propondo a criação de sensores de luminosidade e de odores, mais baratos, aplicáveis em várias áreas”, revela Osame Kinouchi.
Como exemplos, ele cita a detecção de gases e outros cheiros, para aumentar a segurança em fábricas ou o controle de qualidade para as indústrias de perfume e vinhos.
Para chegar ao resultado, eles analisaram o epitélio olfativo, região do nariz capaz de detectar os cheiros, e constataram como os neurônios sensorias no local captam os estímulos de forma particular.
“Um aroma fraco estimula alguns neurônios e esses se ligam aos outros por meio de sinapses elétricas, fazendo com que a gente sinta o cheiro. O contrário também acontece: quando sentimos um cheiro forte, vários neurônios são ativados. Mas essas sinapses acabam se anulando sem que haja uma sobrecarga”, afirma Copelli.
Quando analisados separadamente, diz Copelli, os neurônios só conseguem lidar com uma faixa de intensidade bastante estreita, chamada de intervalo dinâmico.
Outro aspecto ressaltado por ele é o baixo custo do estudo. “Precisamos só de computadores, papel e caneta”, comenta o professor da UFPE.
Os dois elaboram projeto para patentear o trabalho. “É um estudo novo. Ainda estamos analisando a funcionalidade para determinadas áreas de atuação”, esclarece Kinouchi. (Jornal do Commercio, Recife, 7/5)
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